Como evitar o bloqueio criativo?
Quem nunca foi assombrado pelo temível e assustador monstro do bloqueio criativo? Publicitários, designers, músicos, advogados, jornalistas, arquitetos, vendedores… ninguém está imune ao açoite dos bloqueios.
É simples explicar como eles se manifestam: quando nos prontificamos a criar é como se iniciássemos a escavação de um túnel cujo final não sabemos onde vai dar. Nesse momento, a cabeça pensa, gira, rodopia, pensa em alternativas e, o pior de tudo, JULGA. É como se uma voz padrão Cid Moreira ficasse falando no nosso ouvido: “desista, essa criação não vai dar em nada. Todo mundo sabe que você é um impostor”. Infelizmente, certas vezes, somos convencidos por essa voz e desistimos da empreitada.
Engana-se quem pensa que o processo criativo é prazeroso. Em que pese a satisfação de ver sua ideia sendo notada, o caminho percorrido até a sua aparição é tortuoso e angustiante. O gasto de energia mental é gigantesco. Convive-se com a sensação de incompletude e frustração, como se fosse um quebra-cabeça em que faltam muitas peças. Daí para abandonar uma possível ideia é um passo. Olha o bloqueio aí, gente!
O que fazer, então, para impedi-lo? Passo inicial: encarar os obstáculos e as incertezas não como infortúnios, mas, sim, como desafios que colaboram para o crescimento profissional e pessoal. Antes de jogar tudo para o alto, analise com calma a questão. Tente se concentrar nas pistas que aparecerão inevitavelmente no decurso. Elas podem ser pontos de partida interessantes se bem testadas.
Outro aspecto importante: não se cobre tanto e nem se leve tão a sério durante o desenvolvimento de uma ideia. O pensamento criativo é livre, desinibido e trafega por vias desconhecidas. Acerca desse fenômeno, estudiosos apontam a infância como a nossa etapa mais fértil. Para os pimpolhos, não há fronteiras claras entre fantasia e realidade. A imaginação deles corre solta e sem os freios que os adultos costumam ter. Temos de nos inspirar nessa configuração mental, típica dos mais novos, para explorarmos sem entraves todo o nosso potencial.
Terceiro tópico: a preocupação exagerada com o julgamento dos outros (e com o próprio) tende a paralisar a capacidade inovadora. Grandes artistas que você admira também passam por períodos de incerteza quando se põem a criar. A diferença é que eles respiram fundo e encaram os desafios com obstinação, deixando os julgamentos (internos e externos) para bem depois.
Por fim, se você anseia por uma vida criativa e sem bloqueios, conscientize-se de que o medo, a ansiedade e a insegurança são partes do ofício. Se alguém lhe afirmar que o processo de concepção dele/dela transcorre tranquilamente, desconfie. O bloqueio está sempre à espreita, do começo ao término, tentando nos convencer a sermos mais uma daquelas pessoas que admiram a obra dos outros, mas que se sentem incapazes de produzir uma ideia relevante. Para criar algo memorável é preciso conviver e aprender com os bloqueios.